terça-feira, 26 de outubro de 2021

Quais são os 9 aminoácidos essenciais e em quais alimentos podemos encontrá-los

 Os aminoácidos são essenciais para a vida humana. Poderíamos dizer que são os "tijolos" com os quais são construídas as proteínas.

Ainda que nosso organismo seja composto por cerca de 250 mil proteínas diferentes, estas são formadas por apenas 20 aminoácidos - e nosso corpo é capaz de fabricar só 11 deles.

Os outros nove - histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina - são os chamados aminoácidos essenciais. Como não podem ser sintetizados pelo corpo humano, temos de conseguí-los por meio dos alimentos

O médico Javier Marhuenda Hernández, da Academia Espanhola de Nutrição Humana e Dietética, explica que é importante obtê-los de forma simultânea - e aí se encontra uma dificuldade, porque a maioria dos alimentos não contém individualmente todos os aminoácidos essenciais em quantidade suficiente.

"É preciso diferenciar entre as proteínas completas, que têm todos os aminoácidos essenciais em quantidade suficiente, e as incompletas, quando ao menos um aminoácido essencial não existe em quantidade suficiente para satisfazer nossas necessidades", explica Marhuenda.

Conheça a seguir os alimentos ricos em aminoácidos, e de quais tipos.

Alimentos de origem animal

Alguns alimentos como as carnes magras, os ovos, o leite e seus derivados contêm os nove aminoácidos essenciais e também os 11 não essenciais que nosso organismo requer para funcionar corretamente.

"Os alimentos de origem animal têm proteínas de alto valor biológico e nos fornecem todos os aminoácidos essenciais em uma tacada só", diz Marhuenda.

Alimentos como carne de porco, frango e bovina, além de peixes como salmão, mero, atum e sardinha são ricos em isoleucina, valina, leucina, fenilalanina, treonina, metionina, histidina e lisina.

Frango, peru, coelho e peixes como salmão, sardinha, vieira, medo, bacalhau e atum são ricos em triptofano.

O leite e seus derivados, em especial o queijo, também contêm praticamente todos os aminoácidos. E o ovo, especialmente, a clara, contém aminoácidos como isoleucina e valina.

sso significa que deveríamos ingerir somente proteínas de origem animal? Absolutamente não, diz Marhuenda.

"A ingestão de proteínas de origem animais, apesar de conterem todos os aminoácidos essenciais, implicam consumo de grandes quantidades de gorduras, o que não ocorre com as proteínas vegetais", explica o médico.

Alimentos de origem vegetal

A nutricionista María Velasco explica que existem alguns alimentos de origem vegetal que não contêm os nove aminoácidos essenciais, mas podemos complementá-los ao combiná-los sem ter de incorporar um alimento de origem animal.

"Devemos deixar para trás o mito de que as proteínas completas só são adquiridas com alimentos de origem animal. Nem todas as proteínas de origem vegetal são incompletas", diz Velasco.

Ela explica que o grão-de-bico, a soja, alguns feijões, trigo-sarraceno, quinoa, amaranto, sementes de cânhamo e pistache contêm todos os aminoácidos essenciais.

Mas, por exemplo, as lentilhas têm uma quantidade limitada do aminoácido essencial metionina, e os cereais, como o arroz integral, por exemplo, contêm pouca lisina e treonina.

Portanto, se fizermos um prato que combine lentilhas (ricas em lisina, pobres em metionina) com arroz integral (rico em metionina e pobre em lisina), obteremos uma refeição com proteínas completas.

"Mas, cuidado, não há necessidade de combiná-los sempre na mesma refeição se você não quiser. Também se pode fazer isso com diferentes refeições durante o dia", acrescenta Velasco.

"Isso quer dizer que você pode comer lentilhas no almoço e arroz integral no jantar, já que o nosso fígado vai estocar e oferecer ao nosso corpo os aminoácidos essenciais quando for necessário."

Marhuenda explica que não faz muito sentido concentrar-se na ingestão de alimentos específicos para atender às necessidades de um único aminoácido essencial. O que temos de fazer é maximizar a variedade de alimentos que comemos.

Velasco diz que incorporar uma variedade de alimentos na dieta todos os dias, como frutas, legumes, cereais integrais, nozes, sementes, proteínas animais e vegetais e gorduras saudáveis, é essencial para o nosso corpo funcionar corretamente.

Por: Julia Tena de la Nuez

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-48220067. Acesso em 26/10/2021

sábado, 23 de outubro de 2021

Todos os seres vivos usam os mesmos 20 aminoácidos. Este é o porquê.

Dentre centenas de opções, todo animal, fungo e planta constrói proteínas com os mesmos tijolos químicos. Não é coincidência: tem mão da seleção natural aí. 


As proteínas são os burros de carga da vida. Seus músculos são feitos de proteínas (actina e miosina). Suas unhas (queratina) também. São proteínas que digerem os carboidratos que você come (amilase) no momento em que eles tocam a saliva. A função do seu DNA, diga-se, é armazenar as receitas para fabricar as cerca de 92 mil proteínas do seu corpo. Uma vez produzidas, elas fazem o resto. 

As proteínas são cadeias de componentes químicos menores chamados aminoácidos. Os aminoácidos têm nomes que soam como uma reunião de idosas psicodélicas: lisina, alanina, leucina… São 20, ao todo. E o  mais curioso é que os 20 aminoácidos essenciais para o ser humano são os mesmos que são essenciais para uma vaca, um morcego ou uma árvore. Toda a biosfera é montada com as mesmas peças de LEGO.

Especialistas da área sempre acharam meio estranho que, com tanta variedade disponível, apenas este conjunto limitado fosse usado pelos seres vivos. Análises de meteoritos que caíram na Terra mostraram a existência de mais de 80 aminoácidos nas rochas espaciais. Então porque esses 20 são os queridinhos da vida? Há algo de especial neles, ou seriam só uma configuração que a evolução das espécies cristalizou e reproduziu ad aeternum?

Publicado segunda (29) no periódico PNAS, um èstudo conduzido por químicos do Instituto de Tecnologia da Geórgia e do Instituto de Pesquisa Scripps, nos Estados Unidos, concluiu que não - não é mera coincidência. Esses aminoácidos são feitos um para o outro, eles combinam. Reagem muito bem entre si, com bastante eficiência, e apresentam poucas reações colaterais adversas. Por isso tendem a formar ligações com maior facilidade.

Explicando melhor: na água, os aminoácidos boiam soltinhos, sem se encaixarem uns nos outros. Eles só passam a formar sequências quando a água evapora e algum calor é aplicado à mistura. Os cientistas misturaram os 20 aminoácidos essenciais com os outros 60 que não participam do nosso metabolismo, e então submeteram eles a esse processo de secagem. Calhou que os aminoácidos que se encaixavam com mais facilidade entre si, sem muito enrosco, eram justamente os membros do "G20".

 A conclusão é que há 4 bilhões de anos, quando surgiu a vida, os aminoácidos que estão em nós até hoje foram "escolhidos" simplesmente porque sua química era mais adequada para formar proteínas longas e estáveis. No início, talvez até existissem bactérias rudimentares cujas proteínas possuíssem outros aminoácidos, mas elas foram tiradas de campo pela seleção natural por serem mais frágeis.

Além de explicar a origem da vida, entender melhor o que está por trás da formação das primeiras proteínas também tem outras aplicações práticas. Ajuda, por exemplo, a aprimorar a fabricação de fármacos e a ciência dos materiais.

Escrito por: Bruno Vaiano.

Fonte: https://super.abril.com.br/ciencia/todos-os-seres-vivos-usam-os-mesmos-20-aminoacidos-este-e-o-porque/

Acesso em 23/10/2021